terça-feira, 23 de outubro de 2012

As cores cinzas dos pântanos



Acordou um dia e pensou: hoje eu vou definir meus objetivos e traçar um caminho certeiro. Chega de experimentar carapuças que não servem. Alguns diriam que é preciso coragem pra levantar e sair da caverna. Outros diriam que um destino glorioso é uma questão de sorte. Ver o mundo lá fora como ele é pode ser bem confortável, mas sempre existe o medo de encontrar monstros e fantasmas capazes de nos fazer querer passar uma boa temporada dentro de nós mesmos ou ferir profundamente a alma e o coração, impulsionando dores inimagináveis, gerando cicatrizes eternas. Surge então a derradeira ideia de optar pelo caminho mais bonito, ensolarado, com aquelas flores coloridas e passarinhos cantarolantes. Fica então ainda mais difícil voltar atrás e pegar aquele outro  caminho que uma voz chamada 'intuição' indicou falando bem alto ao pé do seu ouvido. Surge a dúvida: mas se essa estrada é tão bonita, pra quê quererei eu mudar de rumo? Aqui está ótimo. Não há com o que se preocupar. Ninguém quer navegar no pântano mesmo (especialmente à noite). As cores são frias, as sombras são muitas e ainda ouve-se aquele barulho estranho - o qual nunca se sabe de onde vem. É... Apagar os problemas é mais fácil do que resolvê-los. É como preferir dias de sol: 'não se pode ir à praia com chuva'. E 'tempo cinza é muito triste e sem graça'.
Não concordo com essa história de ver apenas sorrisos e desejar que as dificuldades simplesmente sumam. Sempre gostei de admirar a chuva umedecendo a rua e chorar quando dá vontade. 



Fazer uma escolha pode ser bem pesaroso e até fatal em muitos aspectos. Porém,  enxergar todas as faces da decisão pode resolver muitos daqueles impasses futuros que você jamais pensou que teria, e, pior - impasses que tiveram sua oportunidade de serem evitados. Ou seja: parar um minuto e repensar no que é mais justo com o que você é. E  a questão inquietante está exatamente aí: quem é essa pessoa na frente do espelho discutindo a definição de uma alma? A resposta está bem lá no fundo - tão enterrado que só reparando bem se consegue enxergar.Ter objetivos pode ser bem difícil quando as perspectivas são contra (como as pedras daquele caminho que, ainda por cima, passa pelo  pântano). Por outro lado, parece dar mais vontade ainda de seguir essa trilha - vai ver é só driblar os pedregulhos, galhos e buracos. E arranjar um barco firme. E um pouco de coragem. Mas não, não se trata de sorte, não.
Trata-se é de aprender que em muitos casos, existe muito mais por trás de aparências e clichês; existem objetivos maiores, causas maiores, planos maiores. E todos esses gigantes chamados 'passos' mudarão seus nomes para 'conquistas' e serão chamados de 'triunfos' e então trarão a certeza de que aquela imagem no espelho tornou-se exatamente o que se imaginava - virá uma sensação de que aquilo que se sente é o que se é. O que se é condiz com o que se sente. E pensar que todos os desfrutes que surgirão a partir daí serão apenas consequências! Só então é que se entenderá a razão daquela escolha aparentemente insignificante que se fez no início de tudo; e que é a mesma que se continua fazendo o tempo todo...

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