segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Borboleta


Fechou os olhos, imaginou que era livre, e foi devaneando dentro de si que criou asas coloridas e tornou-se borboleta.
Voou faceira pelos céus mais escondidos do seu mundo característico e descobriu cores onde outrora jurava ser cinza. 
Cores que viraram formas e viraram paisagens e botão de flor onde até poderia pousar mais tarde.
Deixou livre também os ouvidos (antes tampados), os olhos (antes vendados) e ouviu o que antes não ecoava, enxergou o que antes, aos seus olhos, não estava ali, e passou a ver as pessoas detalhadamente... De repente, o mundo lhe parecia uma folha em branco, onde ela podia libertar também suas mãos e brincar com os lápis de cor que haviam alegrado o seu espaço - os mesmos que havia perdido ao crescer.
E então, passeando pelas próprias lembranças, idéias e finalmente, tecendo planos promissores, percebeu que a boca sorria e os olhos estavam abertos.  
Correu a olhar-se no espelho e sentiu a surpresa arrepiando os pêlos do corpo: as asas não estavam mais ali. Porém, estranhamente, a sensação de liberdade ainda permanecia. 
Concluiu então que não era mais preciso imaginar - tornara-se livre, enfim.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger