Hoje assisti ao debate sobre Filosofia, com Márica Tiburi e o alemão Theo Ross, na maravilhosa Tarrafa Literária.
E foi falado sobre um monte de coisas a respeito da formação do pensamento em benefício da nossa personalidade, a respeito da confiança e realização.
E tudo o que ela disse faz muito sentido.
Não sei como ocorre com os outros, mas minha cabeça é um imenso imbróglio de questionamentos e idéias, e eu sempre acabo achando as respostas com outras perguntas, e tudo isso vira um ciclo vicioso de pensamentos destrinchados até o seu último recurso.
Eu me achava fora do mundo quando buscava as respostas. Era como se eu precisasse delas pra começar a viver. Mas venho percebendo ultimamente (e essa percepção teve um grande avanço no dia de hoje), que as respostas não são o objetivo, e sim, as perguntas. Perguntar a si mesmo sobre todos os desejos e anseios é o que forma as milhões de idéias que fervilham aqui dentro e que são exatamente o que definem minha personalidade. E na verdade, nunca chegaremos a uma resposta definitiva para as coisas.
O ser humano é uma criatura complexa, cheia de extremos, e por isso mesmo, perdida por si só.
O que vale é achar o nosso próprio caminho fazendo aquilo que se gosta, aquilo que a sua alma realmente se sente satisfeita em fazer. Ou 'achar o seu bando' como diria uma amiga.
Se você parar pra reparar nas pessoas á volta, vai perceber que a maioria delas não sabe o que faz ou o que quer. E, começando a pensar nisso, me senti privilegiada por, aos 23 anos, saber exatamente quem sou e o que quero pra minha vida.
Sou cada pedaço infernal de mim.
Muitas pessoas não entendem o significado dessa frase da grande Clarice Lispector que gravei na pele. Pois explico: quero com isso dizer que sou cada sensação que demonstro, cada tristeza e cada sorriso, cada dor e cada prazer, sou exatamente aquilo que quero e preciso ser. Infernal por ser questionador, intrigante, pulsante...
E eu realmente não entendo como podem existir pessoas com medo de serem o que são e desperdiçarem o tempo que é tão precioso com coisas tão pequenas, medíocres e que contradizem as personalidades e prazeres que poderiam existir.
No debate foi colocado em foco o resultado do grande sistema capitalista formado pela publicidade, impulsionando as pessoas a ficarem cada vez mais estúpidas, seguindo a moda pra se 'adequar à sociedade', e realmente isso existe. Claro que jamais saberíamos viver sem sermos consumidores, mas a idéia real é a de que não precisamos seguir uma linha de pensamento, afinal somos livres e temos sorte de vivermos num país livre e democrático. Afinal qual seria a graça no mundo se fôssemos iguais? E me revolta a existência da limitação nas pessoas. Quem disse que fulano não é capaz? Mas fulano acredita que não é, pois foi o que alguém falou. E acaba sendo mais um nas mãos daquela idéia de felicidade comprada, sorrisos e satisfação de fábrica. É inexplicável o fato de existirem pessoas assim, que simplesmente não raciocinam sobre a vida.
Chega a ser deprimente.
Aliás, os sentimentos negativos como a depressão devem ser sentidos da forma mais profunda e não desesperadamente explusos da vida. Afinal, quem é que conhece um ser 100% feliz? O nosso próprio cérebro trabalha pra que nós enfrentemos as dificuldades. Precisamos da melancolia pra termos o prazer de sorrir; dor deve ser sentida, questionada e amenizada. Só que ninguém aceita não ser feliz. E nessa busca pela felicidade a qualquer custo o indivíduo acaba se perdendo num mar de opções de vida, e a fraqueza impera no lugar da sensatez.
Enfim, só de saber que eu enxergo o mundo da forma que enxergo e que sou altruísta o suficiente para espalhar minhas idéias da maneira que me é possível (afinal, somos livres!), eu já fico bem satisfeita, e a revolta diminui por um momento.
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