quarta-feira, 21 de setembro de 2011

É preciso saber sofrer

Sofrer por amor é inevitável. Pode até ser que exista um pensamento que tenha ocultado tal tormenta, mas alojado no fundo da alma há a constatação desse sofrimento.
A ausência, a incompreensão, a não correspondência, os obstáculos, a distância. Tudo o que transforma o sentimento mais aclamado do mundo num turbilhão incontrolável de questionamentos, incertezas, angústias. Eu, você, seus e meus pais, seus e meus amigos -  nós e todo o resto das pessoas que conhecemos (e as que não conhecemos também): não há criatura humana imune à sofreguidão inevitável do amor. Sucedeu, acontece ou está à espreita num futuro próximo. Ponto, sem chance de escapar.
E qual o lado bom? 

Grandes sentimentos geram grandes momentos, que geram lembranças, que nos traz um alerta, que transformamos em regra. Mais uma lição aprendida. Somos poderosos o bastante pra transformar qualquer sentimento ruim numa coisa boa. Não, aquele clichê de que 'é errando que se aprende' não é clichê por pura repetição desenfreada. Seria muito mais cômodo se existisse um manual de como se viver, de qual pessoa gostar, em qual momento agir. Não se chamaria vida. Não seríamos humanos. Não significaria tanto e nem seria o sentimento mais cobiçado do mundo. Amor traz sofrimento sim. Traz lágrimas aos olhos, traz angústia, dói, sangra a alma, faz a gente querer arrancar do peito o próprio coração. Mas quando o sofrimento se vai, não somos mais os mesmos. Passamos a focar em outros planos, outros sonhos, outros amores. Só nos tornamos fortes quando aprendemos a lidar com o sofrimento. Como aquela vez, quando você tinha uns 3 anos e a sua mãe disse pra você não tocar no ferro quente de passar roupa e você foi lá teimosamente e o fez, de curioso que é. Doeu, não? Então você não fez de novo. E cresceu sabendo que aquilo doeu. Que o machucado demorou pra sarar e que não foi legal. Por curiosidade você se machuca. Mas você aprende. E está aí: vivo, inteiro, incólume. 
É preciso aprender a lidar com as nossas dores e conviver com os nossos próprios demônios ( e nem vem dizer que você não os tem! Vai negar que já sentiu raiva de si mesmo?)... Se você não souber o que faz doer, onde dói, e como proceder pra que a dor passe, não adianta se enfiar na vida de outra pessoa, pois vai ser um desastre - você jamais será capaz de cuidar de alguém se não souber cuidar de si mesmo. Aquela pessoa incrível que faz o seu mundo parecer mais colorido também tem dias sem cor. Também tem uma família problemática, uma cisma insuportável, uma mania incurável. A pessoa ideal pra nós não existe, a não ser na idéia mesmo. O que existe é um mundo que se encaixa no seu. E é realmente simples assim.  Sem exigências, sem expectativas, sem idealizações. A sua cara metade é  humana exatamente como você: se nem você se suporta às vezes, não vai ser uma outra pessoa que vai te despertar a admiração constante, abosluta e infinita. Conviver consigo é difícil; conviver consigo E com outro é três vezes mais custoso. O que conta (SEMPRE) é o modo como encaramos as coisas. Uma pequena mudança no modo de olhar pode ser a luz que a gente tanto implora, suplica e espera ansioso pra que apareça milagrosamente. Realmente simples assim. :)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Slow down, you crazy child

"Viver um dia de cada vez".
Acho que ninguém nunca pára pra realmente entender o que quer dizer essa frase. Acho que eu mesma nunca parei.
Expectativas, ansiedade, planos baseados em fatos idealizados... Começo a entender o quanto isso vai destruindo a visão do dia em que se vive. Um dia normal, mas que pode ser o começo dos melhores dias da vida. Ainda que lágrimas teimem em aparecer, teimosamene, mesmo quando o que se deseja é uma boa gargalhada. E qual o motivo de não exercer o maravilhoso ato de se divertir? Pode ser uma piada, um gesto, uma gafe, uma supresa, uma benção. Mas não gosto de esquecer da melancolia. Chorar quando se tem vontade também é uma benção. Somos imcompletos se não somos tristes. E quem é que consegue? Fingir felicidade pra si mesmo? Mentir a si prórpio é impossível. Mesmo que se diga que se pode. Fingir é nojento. Não falo daquele fingimento da hipocrisia social necessária que todo mundo deve carregar em si; falo do fingimento de alma, de enganar o próprio coração, transformando-o em algo podre e sem vida - mesmo que ele continue batendo. Impedir o conteúdo e o amor próprio de entrar na alma é viver num mundo sem cor. Só quem conhece a fundo as prórpias angústias é capaz de pintar o próprio mundo. Essa insistência absurda na felicidade constante me assusta. Não é que eu goste de ficar no escuro, mas a melancolia me é necessária tanto quanto a euforia de estar de bem com a vida. Não sei fingir que amo a vida quando tenho vontade de fugir dela, do mesmo modo como nao sei esconder quando tenho aquela luz radiante dos felizes.
Parece fácil ser despreocupado. As palavras são fáceis de dizer, não dói nem custa. Talvez por isso seja tão fácil fingir. Assim como é fácil se importar quando se está curioso, não ouvir, decodificar. Vivemos num mundo maluco, onde o altruísmo perdeu o significado e o desejo incontrolável de vencer se torna cada vez mais feroz, devorando sonhos, compaixão e paz de espírito. Nossos sentimentos e dos outros também.
Se importar apenas com o presente é tarefa para os corajosos, os destemidos, os grandes gênios da vida. Mas não custa tentar, afinal nós mesmos não sabemos até onde podemos chegar. Talvez o exercício do slow movement seja uma filosofia bem maior e mais benéfica do que parece ser. Talvez fucnione na prática. Talvez... lidar com 'talvezes' e 'quem sabes' é o meu forte. Analisar as possibilidades, juntar os fatos, rever, rever... Se eu descobrisse um filme com os fatos de que eu preciso pra decidir certas coisas, iria assisti-lo repetidamente, pra ter certeza do caminho a tomar. E viver... Depois.

* Viena, aqui
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