quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Questões teoricamente fundamentais

Perfeccionismo. Defeito e qualidade ao mesmo tempo, vai de acordo com a situação em que me encontro. No momento é o meu maior malfeitor: quando você sente que tudo está indo no rumo errado, é hora de parar e consertar a peça quebrada nessa máquina chamada cérebro.


Hoje é um desses dias desanimados e cheios de perguntas que você faz insistentemente à você mesmo, ainda que não consiga achar as respostas, (mesmo por que muitas vezes você não precisa realmente delas), acatando o desafio de estabelecer as questões na sua cabeça, quase como que uma meta a alcançar em tempo absurdamente curto.


Hoje é um desses dias em que você pára pra pensar em todos os dias anteriores, e você vê quanto desse tempo você gastou em coisas totalmente inúteis, que você julgava necessárias pra validar sua existência neste mundo.


Hoje é um dia desafiador, onde tudo à minha volta me mostra as escolhas feitas, os objetivos alcançados e as conquistas realizadas em todos esses 23 anos, atenuando assim, a vontade desesperada de arrumar tudo o que está - no meu ponto de vista maluco, atrasado e temporariamente suspenso.


Mês que vem eu completo 24 anos - uma idade favorável, onde tudo é muito mais fácil e atraente, onde todas as portas estão escancaradas, assim como as janelas e onde tudo ainda é novo e todo sonho é válido.
Por alguma razão sempre nesta época do ano (final do mês de Outubro, quando eu vejo que meu aniversário está próximo), eu tenho um surto de crises existenciais e revejo todos os meus planos.


Na minha teoria perfeccionista, eu deveria estar, neste exato momento da minha vida, formada em letras, cursando tradução/ interpretação (e trabalhando na área, lógico), morando sozinha em São Paulo e cheia de experiências incríveis nas costas. Isso seria fundamental pra uma jovem de 23 quase 24 anos: estar em início de carreira, estudando para abrir as possibilidades na área escolhida e iniciar a vida adulta, se virando para administrar sozinha a própria moradia e o próprio sustento.
E não adianta quando todos dizem que estou na Flor da Idade. Isso não me conforta nem um pouco!


E então, uma amiga me tirou do meu turbilhão de questionamentos desenfrados me lembrado que existe tempo pras coisas acontecerem. Tudo o que eu vivi até hoje, deve servir pra alguma coisa, certamente.
O que me tranquiliza e me impede de recorrer a uma ajuda profissional especializada em surtos de crises existenciais é saber que existem as possibilidades, ainda que remotas, de concretizar esses planos e parar de surtar.


Mas será que esse surto anual alguma vez passará em branco? Constato que curiosamente preciso dele. De repente me parece bem necessário rever as questões, afinal de contas... E (por que não?) surtar é preciso, oras!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Vai, passarinho, voa!

E eis que me veio a decisão: quero ganhar a vida com as palavras.
Escrever é a minha válvula de escape. Todo mundo precisa de uma, aliás. Pra espantar os demônios um pouco.
Um pouco, pois precisamos deles, afinal.
E os meus estão sempre por aqui, batendo de frente com os meus anjos. E então, no meio dessa discussão interminável do meu inconsciente, eu achei uma brecha; duas aliás: caneta e papel. Lápis também serve.
Comecei com os diários, que toda garota possui quando começa a ver o mundo como ele é. Segui com os bonitinhos, cheios de adesivos e desenhos coloridos nas páginas, ou apetrechos incrementados que, aparentemente importavam muito mais do que a própria intenção real de se ter um diário: registrar pensamentos.
Me dei conta que eu só precisava das linhas. E passei a escrever num caderno - sem datas, pra não limitar a expressão, e sem desenhos pra não desviar meu foco e ocupar meu espaço no reino dos meus sentimentos descritos pelas minhas inquietas idéias e confusos sentimentos ali declarados.
Quando pequena, eu sonhava em ser desenhista: rabiscava tudo, inventava ilustrações pras minhas histórias, adorava pintar.
Mais tarde ficava olhando a chuva e numa decisão súbita, quis ser meteorologista. Quando me lembrei que física não me animava tanto, fui ao extremo: quis ser modelo, e depois bailarina (como eu queria ter sido bailarina!). Em meio a todas essas aspirações, ia ganhando prêmios de melhor redação em concursos da escola, e ia virando frequentadora assídua das bibliotecas, devorando livros de 400 páginas em 2 dias. Quando dei por mim, meu maior hobby era ler, e cheguei bem perto das palavras então: quis ser professora. E mantive essa decisão por algum tempo.
Já adulta, ao perceber minha irritação e portanto, constatada impaciência com a idéia de, um dia ter de lidar com crianças de 15 anos, desisti: quis fazer jornalismo.
Há um tempo atrás, aprendi que não posso fazer todas essas coisas, pois seria medíocre em todas essas profissões, já que não teria tempo o bastante pra me dedicar de forma adequada, quando toda possível perfeição necessita de prática. E eu sou perfeccionista, sim senhor!
Hoje eu só quero seguir as palavras, onde elas me levarem. Escrevendo, editando, traduzindo, criticando. Qualquer coisa que me faça ler e escrever. Ler como prazer, escrever como dever. O contrário também me serve. Os dois juntos seria perfeito!
Meu ninho de pensamentos é cada vez mais cheio e barulhento, me levando a escrever de forma natural, quase que vital para o meu cérebro. Como o café que eu tomo viciosamente, todo santo dia; a cabeça dói quando o corpo sente falta.
Que escrever seja constante então! Esses pensamentos precisam aprender a bater asas... e voar.
Aqui é o primeiro passeio que eles dão no céu.
=]
*

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Escrevo

Escrevo por que gosto
Escrevo por que quero
Escrevo pra expressar o pensamento
Escrevo pra aumentar o som da minha voz
Escrevo por que sei
Escrevo por que falar não basta
Escrevo por que sou livre
Escrevo pra organizar as idéias
Escrevo pra me afirmar
Escrevo pra me encontrar
Escrevo pra lavar a alma
Escrevo pra fugir dos maus fluidos
Escrevo pra me complementar
Escrevo pra abraçar o mundo
Escrevo pra registrar o que não pode permanecer oculto
Escrevo por que é mais forte que eu
Escrevo por que é parte de mim
Escrevo por que é um vício alimentado sem culpa
Escrevo por que verbalizar não é o meu forte
Escrevo por que é terapêutico
Escrevo pra esquecer da dor
Escrevo pra sorrir mais
Escrevo tentando plantar sementes
Escrevo buscando aprimorar o talento
Escrevo querendo gritar o que sinto
Escrevo por que o corpo pede
Escrevo com a alma
Escrevo com o coração
Escrevo com a emoção
Escrevo por que preciso escrever

Portanto, escrevo.
Para assim ter mais uma forma de viver.



*

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Talento, carreira, liberdade.

Todo nascemos com vários talentos pra várias coisas.
Nosso cérebro é capaz de aprender o tempo todo, vários tipos de coisas diferentes.
Eu andei nessa de me sentir dividida por anos e anos; dias intermináveis de indecisões sobre como seria o meu futuro, qual carreira eu deveria seguir...
Dissentida, por várias vezes eu parei no meio do caminho pra começar a me empenhar 'noutra coisa. E sempre acabava voltando pra mesma.
Aprendi que apesar de tantos talentos armazenados, eu só podia escolher um único caminho: aquele me deixaria mais feliz e satisfeita.
O problema sempre foi descobrir o que eu queria.
Hoje eu sei qual é o meu talento mais ambundante, e é o que me retribui o sorriso que eu mostro durante o meu esforço em fazer o meu melhor.
Tudo se resume à satisfação afinal. Não tem tanto a ver com o dinheiro que se ganha por trabalhar, pois não consigo pensar em mim como alguém que gasta toda a energia que possui em algo que não dá prazer, que não faz sorrir e me dá dinheiro pra comprar algo que eu não quero, pra mostrar pra pessoas que eu não gosto alguém que eu não sou.
O que se faz quando não tem nada pra fazer é diferente do que se quer fazer o tempo todo. E é isso que confunde a maioria das pessoas que se frustram nos seus passa tempos quando olham aquilo como profissão.
Mas a principal característica a ser levada em conta é o quanto você conhece sobre si mesmo.
Fulano pode ter tudo o que quer na vida: um bom emprego, uma boa casa, uma boa família, um amor, um grupo de amigos. Mas pode muito bem ser aquilo que ele conquistou com escolhas inconscientemente erradas e não aquilo que ele realmente quer. Só que ele não sabe disso por que foi essa vida a qual ele se acostumou.
É aquela história do 'não saber que não sabe' que eu citei no post anterior.
Conheço inúmeras pessoas que parecem extremamente alegres, mas mostram num gesto ou numa frase, por exemplo, o quanto estão perdidas e confusas dentro da própria escolha de vida.
Mas ao final de todas essas reflexões que me devoram e fervilham as minhas idéias várias vezes por dia eu me pergunto: e se todas as pessoas fossem realmente livres como eu acho que deveriam ser? Como o mundo seria?
Prefiro não achar a resposta (afinal o que seria de nós sem as perguntas?), mas continuo lutando com todos aqueles e com tudo aquilo que ameaça essa liberdade que me faz feliz.
Abaixo sgue um texto que recebi hoje por e-mail, que reflete mais ou menos tudo o que escrevi agora e que, claro, desencandeou essa minha reflexão:
Crônica de Martha Medeiros
Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'.
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'.
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.
E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip,cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.
Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar.
Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.
Até que algo sensacional aconteceu... Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele.
Ele quem mesmo?
Martha Medeiros
“NASCEMOS E MORREMOS SÓS. POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS. É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!"
"Nunca se deve engatinhar quando se tem o impulso de voar".
*

domingo, 4 de outubro de 2009

Duvide do seu cérebro*

Semana passada fui a uma palestra cujo título era: "desperte o gigante que existe em você!'"
Quando meu chefe perguntou se eu queria ir, eu pensei: "Ok, vamos lá, de repente eu aprendo algo de bom, apesar do cansaço. Quam sabe eu não consigo tirar um cochilinho?" (A palestra foi depois de um dia intenso de trabalho, às 19h30).
Chegando lá, o início era até interessante. Quando começou a ficar engraçado, era impossível não prestar atenção no que era falado ali. Todas as quase 400 pessoas que estavam naquele salão eram ouvintes concentrados e o entusiasmo nos olhos de cada um era contagiante. No período de quatro horas, fomos 'acordados' para o mundo, da forma mais simples: sendo apresentados ao nosso cérebro.
Muita gente ali, não sabia, por exemplo, que o ser humano usa muito menos do cérebro do que é capaz e a maioria de nós não sabe que não sabe de muita coisa que acontece com nosso corpo, como os comandos que damos ao nosso cérebro pra realizar tarefas e tomar decisões.
E tudo está curiosamente interligado nos últimos dias.
Na última Superinteressante que eu li (do mês de Agosto), havia uma matéria realmente super interessante, como promete o título da revista: os donos do mundo são os vírus, bactérias, micróbios e semelhantes que convivem conosco; ou melhor dizendo, com os quais nós convivemos e mais do que isso: somos uma pequena parte deles, como se fôssemos um sundae enorme a ser devorado. E, ironicamente, ao ler essa matéria eu estava numa sala de espera lotada e impaciente do pronto socorro, para cuidar de uma dorsinha na garganta.
Dias depois, bati um papo interminavel e deliciosamente estimulante com uma amiga, sobre filosofia e psicologia, focando sem saber, exatamente naquilo que iríamos assistir no dia seguinte, numa palestra que eu queria que não tivesse acabado. Palestra essa aliás, que ficamos sabendo totalmente sem querer, enquanto conversávamos sobre qual livro de autoria nacional minha amiga deveria levar, ao que eu sugeri Clarice Liespector, destacando que existem momentos de ler Clarice, ao que uma moça da Livraria me perguntou quais eram esses momentos. Não demorou muito pra que eu mostrasse minha tatuagem e ela comentasse sobre o evento literário incrível que aconteceria aquela semana, nos dando convites para a abertura da Tarrafa Literária, onde assistimos ao show maravilhoso de Arnaldo Antunes, excluisivo, acústico, lindo.
As coisas acontecem quando tem que acontecer. Alguém já assistiu O curioso caso de Benjamin Button? Pois todos deveriam fazê-lo, ou procurar estímulos do tipo, pra expandir suas idéias, suas realizações, já que por conta própria é tão inexistente o ato de enxegar capacidades ocultas dentro de nós mesmos, quando na verdade, somos todos capazes; o impedimento está em nós.
*o título é o mesmo de uma matéria da Super, de mesma margem de assunto e, claro, interessantíssima.
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