Todo nascemos com vários talentos pra várias coisas.
Nosso cérebro é capaz de aprender o tempo todo, vários tipos de coisas diferentes.
Eu andei nessa de me sentir dividida por anos e anos; dias intermináveis de indecisões sobre como seria o meu futuro, qual carreira eu deveria seguir...
Dissentida, por várias vezes eu parei no meio do caminho pra começar a me empenhar 'noutra coisa. E sempre acabava voltando pra mesma.
Aprendi que apesar de tantos talentos armazenados, eu só podia escolher um único caminho: aquele me deixaria mais feliz e satisfeita.
O problema sempre foi descobrir o que eu queria.
Hoje eu sei qual é o meu talento mais ambundante, e é o que me retribui o sorriso que eu mostro durante o meu esforço em fazer o meu melhor.
Tudo se resume à satisfação afinal. Não tem tanto a ver com o dinheiro que se ganha por trabalhar, pois não consigo pensar em mim como alguém que gasta toda a energia que possui em algo que não dá prazer, que não faz sorrir e me dá dinheiro pra comprar algo que eu não quero, pra mostrar pra pessoas que eu não gosto alguém que eu não sou.
O que se faz quando não tem nada pra fazer é diferente do que se quer fazer o tempo todo. E é isso que confunde a maioria das pessoas que se frustram nos seus passa tempos quando olham aquilo como profissão.
Mas a principal característica a ser levada em conta é o quanto você conhece sobre si mesmo.
Fulano pode ter tudo o que quer na vida: um bom emprego, uma boa casa, uma boa família, um amor, um grupo de amigos. Mas pode muito bem ser aquilo que ele conquistou com escolhas inconscientemente erradas e não aquilo que ele realmente quer. Só que ele não sabe disso por que foi essa vida a qual ele se acostumou.
É aquela história do 'não saber que não sabe' que eu citei no post anterior.
Conheço inúmeras pessoas que parecem extremamente alegres, mas mostram num gesto ou numa frase, por exemplo, o quanto estão perdidas e confusas dentro da própria escolha de vida.
Mas ao final de todas essas reflexões que me devoram e fervilham as minhas idéias várias vezes por dia eu me pergunto: e se todas as pessoas fossem realmente livres como eu acho que deveriam ser? Como o mundo seria?
Prefiro não achar a resposta (afinal o que seria de nós sem as perguntas?), mas continuo lutando com todos aqueles e com tudo aquilo que ameaça essa liberdade que me faz feliz.
Abaixo sgue um texto que recebi hoje por e-mail, que reflete mais ou menos tudo o que escrevi agora e que, claro, desencandeou essa minha reflexão:
Crônica de Martha Medeiros
Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'.
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'.
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim? Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.
E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip,cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.
Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar.
Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.
Até que algo sensacional aconteceu... Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele.
Ele quem mesmo?
Martha Medeiros
“NASCEMOS E MORREMOS SÓS. POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS. É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!"
"Nunca se deve engatinhar quando se tem o impulso de voar".
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