sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A odisséia dos cabelos.

Eu e meu cabelo temos uma história de amor e ódio daquelas cheias de dramas, onde todos os dias acontece uma emoção diferente e devastadora.
A minha revolta começa quando me chegam os vestígios de que no início da minha vida tudo era diferente: até por volta dos 4 anos as madeixas eram tão lisinhas que chegavam a escorrer pela testa! Mas obviamente eu sequer notava a importância que aqueles cabelos práticos teriam na minha vida mais tarde.
Aos 5 aninhos, ele foi se rebelando; dia após dia ficava mais enrolado e difícil de lidar. Me lembro perfeitamente dos suspiros de cansaço de minha pobre mãe ao desembaraçar os tantos fios fininhos e teimosos que eu herdei dela. A essa altura da minha vida eu já sabia que meu cabelo iniciava, naquela obstinada rebeldia, uma batalha sem fim com meu próprio ego.

Na escola eu era a menina das trancinhas. Trançava os cabelos de todas as formas que ele permitia trançar, variando a camuflagem de mechas indesejáveis. Não ousava nem por decreto soltar a fera que existia naquela juba, e sonhava com o dia em que jogaria livremente os cabelos de um lado pro outro.
Mal percebia que tudo o que ele precisava era de cuidado, carinho e atenção.
Já adolescente, eu me entreguei á liberdade. Confiei nos cremes que prometiam conter o volume dos fios, e assim foi por um tempo.
Quando começou a moda de alisar os cachinhos (por que o liso era o top dos tops e ter cabelo cacheado era logicamente um crime imperdoável), eu, claro, na minha ingenuidade desesperada de realizar o sonho de voltar a ter cabelos lisinhos, sem pestanejar, aderi à moda. Por um tempo, o mundo capilar ficou todo cor de rosa: eu não me preocupava mais com aqueles malditos fiosinhos arrepiados que teimavam em ficar de pé, bem acima da testa.

Mas, passado um tempo (mais precisamente 2 meses, quando a raiz acenava insistente no couro cabeludo, como que protestando e reivindicando o seu lugar), eu percebi o quanto meu cabelo cacheadíssimo demonstrava a minha personalidade, o quanto ele tinha a ver comigo, exatamente do jeito que ele era. A juba que eu julgava ser assustadora, era na verdade o charme que emoldurava meu rosto fino e comprido, dando ao meu corpo longilíneo um contraste harmonioso e sutil.
Todos aqueles cachinhos... Que saudade quando as pessoas perguntavam quanto tempo eu levava para enrolar os cabelos, ao que eu sorridente, respondia "cara, eles são assim mesmo!"
É curioso como o cabelo é importante na vida de uma mulher. E como a maioria de nós estamos insatisfeitas com alguma coisa no nosso corpo, buscando modificar o que nos incomoda a todo custo, nem que pra isso seja necessário enfrentar 8 horas no cabeleireiro, nos obrigando a passar por complicadas etapas de estica e puxa, resultando numa dor de cabeça ardentemente terrível; deixar de comer aquela torta de morango com um delicioso recheio de chocolate pra entrar naquele jeans ma-ra-vi-lho-sooo; submeter o corpo a uma cirurgia perigosamente incrível ou passar horas e horas numa academia puxando ferro, e ainda sairmos de lá, exaustas, mas com um sorriso de orelha a orelha...

Se eu pudesse voltar no tempo (ah! a velha frase dos arrependidos!), eu não teria assassinado os cachinhos. Porém, hoje eu vejo que não importa tanto assim você tentar ficar com uma aparência deslumbrante, pois a beleza um dia envelhece junto com você. Já o conhecimento estará ali, firme e forte, permitindo uma visão totalmente clara e crítica dos problemas que sempre estarão nas nossas vidas.
Claro que não saio de casa sem um batom, tenho vários tipos de fluidos restauradores para cabelos e assino uma revista de moda que eu a d o r o, mas se você estiver feliz e, digamos assim, conformada com o corpo que tem, você só precisa se preocupar com a sua cabeça, e toda essa satisfação adquirida ao ignorar uma futilidade absurda e em viver livre de amarras superficiais vai transparecer, te dando um ar muito mais confiante e entusiasmado.
Planejo, um dia, quando estiver naquela fase de mudança, tosar a juba e deixar os cachinhos livres para se enrolarem alegres na minha cabecinha cheia de atitudes impulsivas.
Por agora, tudo o que eu desejo é um cabelo comprido...
=D


"Havia a esperançosa ameaça do pecado, eu me ocupava com medo em esperar; sem falar que estava permanentemente ocupada em querer e não querer ser o que eu era, não me decidia por qual de mim, toda eu é que não podia; ter nascido era cheio de erros a corrigir."
Clarice Lispector em A Legião Estrangeira.

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amado

E eu não quero mais te ver se isso significa te desejar!
Por que o desejo de te ter é tão inalcansável quanto tocar o céu...
Poderíamos tocar a Lua se quiséssemos, sabia? Mas é um querer que necessita de duas almas pra se manter ativo...

Enquanto vejo teu rosto paralisado numa fotografia, me sinto uma completa idiota por gostar de alguém que trata o amor com tanto desdém.
E eu sei que existem milhões por aí que me fariam feliz - exatamente do jeito que minha cabeça exige - mas meu coração só me aponta você!

Logo eu, tão prática e sensata nos assuntos mais complicados;
Eu que tanto me vejo como alguém que otimiza as situações, tranquilizando os corações aflitos à minha volta;
Eu que sempre atravesso faceira o meu caminho, por mais esburacado que ele seja, me vejo perdida, sem distinguir ao certo qual estrada tomar, o que dizer a você sem que você perceba nas minhas palavras mascaradas o quanto te desejo.
Um dia, eu crio coragem, me tomo por impulso e te revelo tudo o que por tanto tempo está arrebentando a alma querendo explodir em paixão, sem medo da sua posterior expressão atordoada, que certamente me fará sentir arrependimento e vergonha, mas que ao menos, me trará a certeza de que você teve a prova irrefutável de que eu sinto por você algo muito maior do que afeto.


"Como pode ser gostar de alguém - e esse tal alguém não ser seu?"
Vanessa da Mata

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Carteiracheia Ltda.

Eu sou uma gastadeira compulsiva incontrolável. Gastei tanto no começo do ano, com coisas tão inúteis que o arrependimento é inevitável. Mas a lição esta aí; e o castigo também: juros é um bichinho cruel, malvado, impiedoso, que come todo o seu dinheiro.

E quanto aos meus planos para o ano que vem, ainda estão brigando entre si, vendo quem pode mais. Já cansei de pedir que façam as pazes! Por enquanto o plano de ir pra faculdade está ganhando - acabei de ver que a mensalidade do curso de Letras baixou... É, eu tinha decidido por Jornalismo, mas eu não sou lá muito comunicativa, entende? Por outro lado eu não sou paciente o bastante para ensinar crianças de 16 anos...
Essa dúvida de 'Letras: fazer ou não fazer?' me deixou pensando numa coisa: eu AMO o meu trabalho hoje, por mais que eu nunca tivesse cogitado a possibilidade de fazer contas o dia inteiro na minha vida adulta. Mas, ei, eu gosto do que eu faço! Tem o seu aborrecimento vez ou outra, mas qual profissão não tem? Sem falar de todos os benefícios contidos. Eu posso muito bem ter o rendimento de Letras como uma segunda opção, um trabalho extra, talvez. E Tradução mais tarde! O curso é perfeito pra mim, a animação só de pensar em fazê-lo transborda!

Então fica assim: penso mil vezes antes de comprar aquela blusa ma-ra-vi-lho-sa que está em liquidação (poxa vida, imperdível!), mentalizo um bolso com dinheiro suficiente para a mensalidade da facu + ajuda mensal pros meus pais + a lista enooorme e infinita de livros que eu compro todo santo mês. Fora os gastinhos extras, né?

Já cancelei todas as assinaturas das tão queridas revistas (4, no total. Snif!), organizei uma agenda, comprei uma pasta pra organizar as contas, e há 2 semanas venho anotando todos os meus gastos, como se minha carteira fosse exatamente como uma empresa: administrá-la bem é a meta constante.

Disciplina também é outra palavra a mentalizar, e particulamente, a mais difícil... Oh boy!!!

Por enquanto, eu vou aproveitando os últimos meses que me restam pra alugar todos os filmes, ler todos os livros e todas as revistas (minhas 3 últimas piauí's ainda estão embaladas!), terminar de comprar minha coleção de Gilmore e Everwood, ir a todas as festinhas e barzinhos e claro, dormir muito e fazer as coisas inúteis que serão impossíveis de aproveitar quando a faculdade começar.
Frio na barriga só de pensar em todas as pedras que encontrarei nesse caminho...
Mas, cara, eu posso chutá-las se eu quiser, não posso?

;]


"E onde a sorte há de te levar? Saiba, o caminho é o fim, mais que chegar..." Little Joy

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